Um balanço geral do mercado de criptomoedas em 2020

Entenda como se comportaram as criptomoedas no mercado de ativos digitais em 2020, e quais são algumas tendências esperadas para 2021.

As criptomoedas tiveram um rendimento que não se compara a maioria das ações de empresas do mercado financeiro, em 2020. Depois de iniciar o ano passado com uma capitalização de mercado de US$ 191 milhões (R$ 967 milhões), o valor total de mais de 7.900 moedas digitais chegou a superar os US$ 551 milhões (R$ 2,79 bilhões) em 9 de dezembro.

O bitcoin, particularmente, se beneficiou bastante frente a fraqueza do dólar norte-americano e sua pouca afinidade com moedas tradicionais, o que para muitos investidores a torna um recurso bem atrativo. No geral, a mais importante criptomoeda do mundo se valorizou em 153% durante 2020, batendo um recorde histórico.

Os volumes de negociação das criptomoedas durante o primeiro semestre do ano passado mostram uma tendência de queda particularmente distinta para ativos de grande capitalização (excluindo Bitcoin e Ethereum). Da mesma forma, todos os melhores desempenhos do segundo trimestre foram mid-cap altcoins, como LEND, BNT, ERD e EDO.

Cada um desses ativos se valorizou próximo ou mais de 500%. Enquanto o desempenho do Bitcoin foi de + 42% no segundo trimestre, a maior parte de seu crescimento ocorreu nos primeiros 45 dias do segundo trimestre. Para usar a analogia da CNBC, o preço do Bitcoin mudou como um canguru nos últimos 45 dias, oscilando entre US$ 8.700 e US$ 10.200, sem conseguir se manter acima da marca de US$ 10.000 por duas vezes.

Os futuros negociados na Binance, por exemplo, cresceram ainda mais com os contratos em aberto atingindo um novo ATH de USDT 560 mm e os contratos perpétuos do BTC respondendo por uma média de 35% dos volumes de negociação (abaixo dos 82% em janeiro).

Em meio a este padrão incomum, a ETH superou o BTC apresentando uma rentabilidade trimestral de + 69,7%, possivelmente impulsionada pelo crescimento do DeFi e pela antecipação da ETH 2.0. Enquanto isso, o crescimento do preço do XRP foi estável, com um retorno de apenas + 0,5% e os volumes abaixo de -50% (QoQ). Nos dez principais criptomercados, o ADA (Cardano) foi um dos únicos ativos a apresentar um retorno de preço de 3 dígitos, cerca de 173,8% por trimestre (mas com um aumento de volume total de apenas +43,4%).

A volatilidade do criptomercado foi maior no início do segundo trimestre. Isso pode ser visto ao prestar atenção no índice de volatilidade do Bitcoin. Analisar o índice de volatilidade do Bitcoin do BitMEX (.BVOL) com o VIX do CBOE, pode-se ver ainda em que medida o mercado de derivados do Bitcoin e o índice S&P 500 eram comparáveis. Antes de fazer isso, é preciso fazer um ajuste para o fato de que .BVOL é um índice histórico, avaliando a última volatilidade, enquanto VIX avalia a volatilidade implícita .

O .BVOL mostrou um pico trimestral em 7 de abril (valor do índice .BVOL de 171,15), fechando este trimestre com um preço de aproximadamente 23% do Q2 ATH (ou seja, um valor de índice .BVOL de 39,2). Da mesma forma, o VIX atingiu o pico mais cedo (16 de março) e começou aquele trimestre em 57,6 para, na sequência, descer a 30,4 em 30 de junho. Como o VIX é calculado a partir de opções com vencimentos entre 23 dias e 37 dias, é evidente que os índices se moveram de forma semelhante.

Algumas tendências para 2021

A Forbes, com auxílio de estudiosos, traçou algumas tendências para os criptoativos em 2021. Uma delas, por exemplo, é que o BTC fechará este ano com acima dos US$ 30 mil – embora parece um preço conservador, o apoio institucional que a moeda tem experimentado apontam para esta tendência.

Outro fator interessante é uma ampla utilização das stablecoins, moedas cujo valor é estável. As bruscas mudanças apresentadas no criptomercado, em 2020, sugerem que muitos investidores passarão a apostar em ativos de baixíssima volatilidade, já que possuem um valor de dezenas de bilhões de dólares e servem como ponte para as plataformas de pagamentos.

O lançamento de das Moedas Digitais de Banco Central (CBDCs, em inglês) é outra tendência esperada para este ano. As dúvidas que restam é qual nação implementará a moeda primeiro e como serão resolvidas as preocupações relacionadas à segurança e privacidade.

A execução de impostos também é mais uma novidade esperada, dado as últimas movimentações de Receita Federal dos EUA, sinalizando certa seriedade com que a exeucação de cripto-impostos será tratada daqui para frente, já que o aumento dos preços das criptomoedas em 2020 sugere uma receita potencial às autoridades ficais.

Além dessas tendências, é quase certo que a tecnologia blockchain se tornará ainda mais popular, expandindo-se para além dos serviços financeiros e ampliando sua presença em outros setores econômicos como saúde, transporte e logística.